Êxtase e Tormento
A lascívia flui em minhas veias,
Num torpor de sonho e suspiro,
Cálice amargo de desejos sem freias,
Nas horas que o tempo conspiro.
Doce veneno que me percorre a alma,
Traz a tormenta de um desejo oculto,
A volúpia em sua forma calma,
Um murmúrio de amor resoluto.
Ó, como as sombras em noites frias,
Cobre-me de carícias a tua ausência,
Emocionado por tuas rebeldias,
Suspiro em febre, perdido em tua essência.
A tua lembrança, qual fantasma ardente,
Assombra-me nas horas de solidão,
E ao toque do teu vulto, incandescente,
Ergo-me em êxtase, um pecador em redenção.
A alma treme, febril, quase insana,
Buscando na penumbra o teu olhar,
Que ao tocar-me, meu ser emana
A chama viva, que me faz delirar.
Num oceano de sensações, me afogo,
Navegante sem rumo, à deriva,
E, no abraço do teu enigma, me rogo
Ser teu, eternamente, em carne viva.
Ó lascívia que me fere e deleita,
Doce flagelo de volúpia e dor,
És tu, musa minha, a deusa perfeita,
A quem consagro o mais puro fervor
.E assim, perdido em tuas mãos, destino,
Como folhas ao vento, vou,
Num êxtase supremo, divino,
Onde o amor e a dor se fundem, e sou.