Vazios Humanos
Ainda que eu possa ofuscar o sol,
E calar as suas súplicas com um beijo,
Eu não irei persistir neste caminho declinante,
Ao menos podemos fingir mais um pouco,
Ou ao menos matarmos nossos corações,
Ainda que eu possa me ver em seus olhos,
E despir com as minhas mãos o seu corpo,
Nossas almas se desencontraram,
Nossas presenças já não simbolizam a ardência de uma doce e irresistível paixão,
Ainda que nossas lembranças sejam de luzes e recheados que iluminosos sorrisos,
Lágrimas já não contemplam percas e danos,
Angústias que desmancham corpos e corações,
Sorrisos revestidos com prantos intermináveis,
Vidas contempladas pelo existencial vazio de almas e corações,
Calando dores e prantos com falsos momentos de paz e encanto,
Lágrimas que revestem o vazio de nossas existências,
Ainda que pudéssemos renascer como flores em um jardim,
Ou como pássaros que voassem eternamente,
Jamais preencheriamos o vazio de almas ancoradas pelo caos,
Sorrisos que reduzem vazios atemporais,
Estaríamos todos contemplados por medos e anseios,
Jamais revestiriamos o vazio existente em almas e corpos,
Um brilho que ecoa em uma lápide,
Talvez estejamos eternamente amparados por falsos abraços e sorrisos,
Se ao tivéssemos o dom de revivermos glórias passadas e perdidas,
Ou se ao menos amores e paixões preenchessem vazios de almas e corpos,
Jamais luzes se apagariam ou vidas se desvaneceriam,
Desfazendo prantos e silenciando o caos de nossas almas e corações,
Desejos que ecoam de corpos insaciáveis,
Luzes que outrora resplandeciam existências carnais ou espirituais,
Almas que ecoam medos e segredos,
Um sorriso mutado pela lápide de nossos vazios,
Corpos estropiados e ensandecidos,
Sorrisos que jamais corresponderão vidas plenas,
Vazios de almas e corpos,
Corações perfilados pelo medo,
Apagando luzes existenciais ou atemporais,
Contemplando e vivenciando o vazio de corpos e almas.