AMO SOLITÁRIO, DURMO SOZINHO

Como puro cristal gemado

Garimpado da corredeira

Avistava seu longo decote

No espelho da penteadeira

Mesa farta do café

Das claras manhãs eternas

Resgatava panos de má-fé

Para avistar suas pernas

Sua saia esvoaçante

Tremulava como bandeira

De um balançar estonteante

Como forte bebedeira

Em seus cabelos enrolados

Descia uma onda perversa

De pensamentos congelados

De emoções na ordem inversa

Entre ares rebeldes voei alto

Por terras distantes deixei passos

Senti seu doce cheiro no mato

Sonhei loucos beijos devassos

No devaneio escalei as montanhas

Perigosas de seus montes

Penetrava decidido as entranhas

Como um tosco brutamontes

De muito distante lhe vigio

Como fito a um mar revolto

E na ameaça me refugio

No cenário do seu corpo

Jurei-me expulsar-lhe do peito

Só me provocou burburinho

O desejo está encalacrado...

Amo solitário, durmo sozinho

Gê Muniz
Enviado por Gê Muniz em 06/01/2008
Reeditado em 05/02/2008
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