AMO SOLITÁRIO, DURMO SOZINHO
Como puro cristal gemado
Garimpado da corredeira
Avistava seu longo decote
No espelho da penteadeira
Mesa farta do café
Das claras manhãs eternas
Resgatava panos de má-fé
Para avistar suas pernas
Sua saia esvoaçante
Tremulava como bandeira
De um balançar estonteante
Como forte bebedeira
Em seus cabelos enrolados
Descia uma onda perversa
De pensamentos congelados
De emoções na ordem inversa
Entre ares rebeldes voei alto
Por terras distantes deixei passos
Senti seu doce cheiro no mato
Sonhei loucos beijos devassos
No devaneio escalei as montanhas
Perigosas de seus montes
Penetrava decidido as entranhas
Como um tosco brutamontes
De muito distante lhe vigio
Como fito a um mar revolto
E na ameaça me refugio
No cenário do seu corpo
Jurei-me expulsar-lhe do peito
Só me provocou burburinho
O desejo está encalacrado...
Amo solitário, durmo sozinho