Onde as luzes piscam

Eu também não entendo a poesia europeia do século décimo-segundo.

E não sei tudo sobre a literatura medieval das cidades que visitei,

bem como já esqueci todo latim que tão arduamente estudei

enquanto o dia amanhecia por entre os galhos das araucárias.

 

Ah! E já nem sinto mais a fome de algo novo fazer.

Não sei mais o sabor dessa notável motivação

que acompanha o sentimento de uma titularidade.

 

Como posso querer citar a nona letra do alfabeto latino

para o menino que passa na rua com sua bicicleta de cor?

Ou para a senhora que caminha na rua

em cada madrugada que meus pés rumam

para a pista de corrida da universidade?

 

Eu sei que para você não precisa de tudo isso em mim.

Sei que isso te causa admiração e orgulho,

mas sei que queres muito mais de mim

do que meus diplomas universitários.

 

Você procura em mim muito mais do que conhecimento

ou essas rugas e pés de galinha entre minhas duas orelhas

que se formaram de tanto se debruçar sobre os livros.

 

Você busca muito mais do que o acaso das letras que tecem este poema.

Você busca o pássaro que voa em mim para você...

O sonho de longa dada que nasceu entre nossos olhos,

a imagem perfeita de nossas almas entrelaçadas,

de nossos sentimentos amalgamados em nossos corações,

essa sensação surreal, tão incrível, tão única e real

que nos permite trafegar na realidade onde as luzes piscam

anunciando as mais profundas interligações humanas

que nossos corações ousaram sonhar e aqui realizar.