A DÉCIMA FILHA DE ZEUS

Sou teu súdito, teu menestrel.

Canto poesia e te prometo o céu,

Faço até rituais e invento música

Para chamar tua atenção a nós mortais.

Teus olhos parecem safiras,

Quando olhares ao mundo atiras.

Fulmina quando fundo penetras

E aprisiona as almas dos corações que apaixonas.

Tua boca revela-se límpido lago,

A todos nós, já há milênios náufragos.

À deriva da paixão que nos arrasta

Dia a dia, ébrios, a desejar-te.

Teu rosto a harmonia desenhou

Os traços que em nossos sonhos habitam:

Da musa pela qual todos suspiram;

Da Deusa que o poeta se inspira.

Tuas mãos, o significado da carícia.

Dos teus dedos uma energia cintila,

Que se aos nossos corpos tocados

Num ápice, nossas almas eletrizam.

Teu corpo, as curvas do desejo,

Coberto pelo véu transparente do estro,

Afoga-nos a cobiça, quando o vento te acaricia;

Queima-nos o calor que dele irradia.

Tu és, enfim, de Zeus a décima filha!

Do Reino da Beleza e do Amor, a herdeira.

Presides a liberdade das inspirações dos apaixonados;

Resistes às súplicas de quem está sempre a teu lado.