A menina e a borboleta
No coração da garotinha, uma borboleta em agonia,
Cor de rosa, lutando para voar.
Mas a menina, teimosa e cansada,
Diz-lhe para ficar, para se calar.
Despeja café sobre a dor que arde,
Inala o aroma das pílulas vermelhas,
Esconde a borboleta do olhar,
Dos olhos que já viram tantas veredas.
A menina, com sua alma atormentada,
Ordena que ela fique, sem saída.
Teme a fragilidade exposta,
O poema desfeito, a palavra partida.
Mas nas noites escuras e profundas,
A menina deixa a borboleta voar,
Para que ela dance suas dores,
Para que ela encontre algum ar.
Dormem juntas, o pacto selado,
A borboleta e a menina, lado a lado.
E mesmo que não haja lágrimas a rolar,
A poesia delas é uma prece, um marulhar.