ACLAMAÇÃO AMOROSA

Cabe-me assim envolver-te de sublimes

Apelos e risos fada aérea e pura!

No silêncio que abriga as muralhas

do medo e do tédio com asas invisíveis...

Tão frágil e despida de sentimentos

vãos e amargos errante chama...

Sem máscara no rosto transpirando

Carência. Reprimo suspiros tensos e

sôfregos diante a tua inefável presença!

No assomo emotivo da noite que geme

meu pranto enlutado e faminto...Contemplei

o fantasma da minha Alma vagando em meus

olhos. Assisti aos meus sonhos desabarem como

torres de beijos desfeitos. Desfiei novelos de ilusões

em nuvens purpurinas. Quando vi tua sombra

fleumática em flocos translúcidos, dobres de agonia!

Quisera moldar o teu rosto num manto orvalhado

onde as montanhas se azulam em sonhos...

Acordando as poeiras do tempo nas horas de sol

teus lábios frementes. No outono dos anos o meu

coração lânguido de dor ecoa o meu grito surdo...

A febre tresnoitava minha insônia como adormecida

coroa de espinhos. No pincel das meras fantasias

tremula nossas mãos cruzadas de dor e cansaço!

No crepúsculo primaveril imagino-te envolta

de alvas rosas. No deslumbramento etéreo que

ressurge febril estertor da minha saudade...

Eu divago no tempo das minhas limitações a

ver-te em doce quimera. Na fronte coroada de

ávidas recordações. Pouso meu espírito exausto

a turvar as manhãs pálidas de veludo!

Como uma deusa ofereces tua vida ao luar

em hastes de lírios. Vestes-te com poemas

doirados recobertos de anéis aljofrando estrelas.

Eu desnudo cada verso entre belas grinaldas em

nobres cortejos. Invadindo tua Alma misteriosa

e envolvente. Eu te peço, pela chaga sangrenta

do Senhor que ilumina os nossos dias de agora!

Que não partas! Não agora, quando tudo parece

transparente e tão belo! Para além do infinito onde

a vida é incerta e fugaz na imaterialidade...

Onde a distância é mais cruel que o tempo recluso

que perfura os sonhos. Onde a dor desata a doer na

minha incapacidade. Não me ensines a morrer todos

os dias contigo. Não partas! Deixando-me sozinha num

vale de lágrimas e nesse deserto sem ti e sem mais nada!

Oliveira Vilma
Enviado por Oliveira Vilma em 06/05/2024
Código do texto: T8057746
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