sentimentalismo
hesitação, timidez, suspiro.
descobrir, enfim, que há coisas bonitas
neste mundo.
ainda.
tua voz, um segredo,
teu silêncio, uma música,
uma pausa.
é criptografia
olhar em teus olhos
e decodificar
o que eles nem
mesmo querem dizer.
castanho
que captura
o sol.
atento aos detalhes
mais sutis,
menos vibrantes.
pelas cicatrizes
das almas humanas
tua mão vagueia,
teus dedos leem
feito pontos de braile.
dor, riso,
angústia, paixão.
você
e o vento.
qual dos dois
é o primeiro
que confessa?
de tão sensível,
confessante
e confidente.
profundidade.
vinho, discos,
cafeteria, cinema.
tudo o que cintila
é vestido para tua pele.
infinitude
na mesma medida.
elegância.
esfinge que devora
antes da adivinhação.
anunciação.
milagre que não chega,
mas que simplesmente é
e basta...
e o que há de tão magnético,
hipnótico,
e cativante
sobre tua aura
de catedral de silêncio,
de manhã nublada,
de chuva de domingo?
paraíso
em preto e branco.
gente
que mais parece arte,
arte
que mais parece gente.
museu
ou
casa de espelhos?
tédio, êxtase.
um quase.
um quasar.
quanto mais expõe mais esconde,
quanto mais se abre menos revela,
um filme
que se finda
antes mesmo de seu desfecho.
abrupto.
discreto.
mão sagrada
que escancara o cárcere
dos sonhos.
espécie reversa
de caixa de Pandora.
teu refúgio
de cristal e titânio.
quem vê de fora
espreita o céu de Dante
num globo de neve.
teu corpo, teu ser
de cascata e de flor.
quem vê de perto
enxerga a alma
exposta num acrílico.
mas quem vê de perto?
exposição viva
de mistérios
e histórias.
mares nunca navegados.
estrelada noite
que amanhece.
monalisa que sorri
de fato,
escultura de Michelangelo
que anda,
e vive,
e sente,
e...ama?
luz
mais misteriosa
do que sombra
quietude
mais conhecida
como língua dos anjos.
face tão bela,
véu por trás
de outro véu,
e outro véu,
e outro véu...