ALÉM DA PAIXÃO
Na volúpia da descrença, ergo o discurso que agora faço,
Declaro minha reticência diante da paixão.
Como uma chama efêmera, ela arde em descompasso,
Mas logo se apaga, deixando apenas a solidão.
Vejo-a como uma borboleta, bela e fugaz,
Que voa de flor em flor, sem nunca se fixar.
É um vendaval avassalador, que tudo desfaz,
Mas que logo se dissipa, sem nada deixar.
Na superficialidade da paixão, encontros ligeiros,
Promessas que se desfazem como castelos de areia.
É um jogo de ilusões, de encantos passageiros,
Que se desvanecem no ar, como um sopro que se anseia.
Não duvido da beleza do sentimento,
Da adrenalina que corre em cada momento.
Mas a paixão, qual mariposa à chama se atira,
Queimando-se em vida, numa busca insana do tormento.
Mas, atenção ao jogo de palavras que se desdobra,
A descrença na paixão, uma cortina que encobre.
Por trás do véu, uma verdade mais profunda,
Não é a paixão que falha, é o amor que inunda.
Pois enquanto a paixão é um fogo que arde e se apaga,
O amor é uma chama perene, que nunca se extingue.
É uma jornada infinita, um laço que se perpetua,
Um oceano de emoções, que jamais se restingue.
O amor, sim, é o farol que guia a embarcação,
É o porto seguro, é a eterna construção.
É o sol que aquece e a brisa que acalma,
O abraço que envolve e traz a alma para a palma.
Acredito no amor, que é eterno e sublime,
Um sentimento que transcende o tempo e o limite.
Um envolvimento que se constrói com dedicação e jamais se exime,
E que floresce aos cuidados de um jardineiro que não se omite.