Pequenos detalhes
Às vezes me encontro, no escuro, remexendo no passado,
Numa noite escura, afogando as mágoas num gole amargo.
Especialmente quando vejo outros se amando,
Recordo quando você me chamava de sua, num mundo estranho e insano.
Todas aquelas brigas tolas, flertes sem sentido,
Como uma dança de embriaguez, num bar sujo e vazio.
Eu compartilhava minhas cicatrizes, minhas dores, minha infância,
Por que confiei em você? Uma pergunta sem resposta, uma sórdida ânsia.
Passávamos os dias, embriagados em nossa própria desordem,
Eu me perdia em suas roupas, em seu cheiro, num devaneio sem fim.
Sonhos, sonhos, de um futuro incerto e cruel,
Você ainda os tem, ou sucumbiram à sua própria crueza, à sua pele?
São os pequenos detalhes que me atormentam, que me fazem sangrar,
Eu sei, é patético, mas é assim que as coisas são, sem mais pra onde voltar.
Eu sei que não é justo, que não é certo, que não é como deveria ser,
Mas até mesmo as pequenas coisas, cada maldito detalhe, me fazem lembrar você, meu bem.
Às vezes, eu só queria poder fingir, só por uma noite,
Que ainda somos aqueles amantes loucos, perdidos na escuridão, numa luta incólume e afoita.
Mas a vida não é um conto de fadas, é um punhal afiado, pronto para cortar,
Então me diga, é este o fim, ou ainda temos uma última chance para lutar?