Última Lembrança

Maior a descrença acesa na vela do meu túmulo,

a esperança mantém viva a chama

que no sonho te despe

para a adaga do meu olhar faiscante

Como te querer sem o lobo

que dá sentido ao ser disforme

que habita meu semblante de estátua de outro mundo?

Sei apenas te chamar

- viajante macabro de costumes loucos,

de mim nada espere que seja pouco

meu castelo é a sombra do teu passar

nenhum perigo ameaça

segredos sobem pelo luar

apagada a última lembrança

deixo a luz do olhar

a quem dorme na praça

rasgada a derradeira carta

confesso meu amor delinquente

famindo teu anjo indecente