Manuel,
há uma bandeira que tremula com lágrimas,
no vento que é o vácuo de uma solidão imprecisa.
Fizestes versos como quem morre,
eu tento fazê-los e não consigo,
não vivo e nem morro,
ainda tento nascer...
Teu verso vermelho é sangue,
e ele corre em minhas artérias,
queima e não arrefece.
Vejo aquela linda face que te procura e sonha,
e nela observo o amor que se esconde
em ruas perdidas.
Um coração que traz desejos com seus quase excessos,
e o beijo que é quase aflição.
Um prazer que é terremoto,
e que principia o riso belo da "volúpia ardente".
Possui um olhar triste e pedinte,
como uma alma que suplica ajuda
e não sabe como dizer.
Exato como o silêncio,
imperfeito como o grito.