Piso Devagar...

Piso devagar. Tateio.

Não sei para onde ir.

Que direção você vai

que não sabe se irá retornar?

É tão sinuoso o caminho?

Não te traz mais felicidade comigo estar?

 

Sigo. Piso devagar.

Entre aleias e caminhos

tento me descobrir.

Trago minúcias dentro do peito.

Cartas com resquícios de verão

e a visão da beleza de Rose

que se debruça em lágrimas

na janela do tempo do tempo,

em mesuras infindas diante do Amor.

 

Vou. Piso devagar.

Tateio para não cair.

Caminho embevecida de sonhos,

um silêncio formidável no coração

e o som do rangido da porta

anunciando minha chegada e tua saída...

 

Ando. Piso devagar.

Vou com minha coragem e minha voz,

dedilhando o coração,

no semblante a intimidade

de um vilarejo interior

intenso e imperturbável

que chora à luz

desse mergulho profundo

no Mar de guarida

de teus braços feitos.

 

Tateio, olhos cegos,

boca muda,

mas coração anunciando

minha chegada onde é meu lugar...

no teu abraço de amor e luz.

 

Poema e foto: