Sigo
A janela daqui continua perfeitamente quadrada
Meio difícil de abrir, velha, barulhenta,
Mas faz o papel
A porta range ao abrir e a trava também clama seu lamento para fechar
Saindo na sala, um tanto de formas, cores e sons fora de harmonia e fora de seus lugares
E já não é mais o meu lugar
Aquele velho apartamento amarelado no Edifício Da Caixa D'água
A guitarra, os violões, os livros, já não são tão atraentes
Não me apego
Não quero
Não amo
Não me leio
Não me digo
Se não amo, amo demais
Acordo aos soluços no meio de uma tarde dilacerante
Digo, "essa me pegou de jeito"
E será que me romantizo ou me pragmatizo?
Quantos dilemas,
quantos segredos,
quantos retornos indesejáveis
Será a linguagem que nos faz assim tão miseráveis?
Serão os tantos aforismos lacanianos?
Será o absurdo de Camus?
De Kafka?
Orwell?
Teria eu que me sensibilizar-me como Cobain, ou abraçar o absurdo como Bukowski?
A fortes e estridentes batidas deste trem desajustado
Sigo meu caminho