De volta pro Abraço
Meu coração sofrenaço
enquanto a chuva cai
e o pensamento se vai
por não ter o teu abraço
pouco importa o que eu faço
depois que ela foi embora
por isso o pinho chora
na soledade o espaço
na soledade do espaço
o campo sente a tua falta
essa milonga ressalta
a dor de um cimbronaço
no aconchego dos teus braços
tingia de alegria em aquarela
hoje é triste a primavera
fria igual um aço
é fria igual um aço
a tristeza e a solidão
solito o chimarrão
não cerra mais o seu laço
pois até o picaço
desencilha as saudades
e junto da soledade
a rima esqueceu o traço
a rima esqueceu o traço
por milonga oitavada
fui domando a guitarreada
depois de um manotaço
depois de um talagaço
a gente aprende sem dó
que talvez viver só
saímos do mormaço
e pra sair do mormaço
nova semente plantei
um novo caminho andei
juntando cada pedaço
pois ficou em estilhaços
o coitado do coração
e te pede perdão.
todo erro eu desfaço
todo erro eu desfaço
todo caminho tem volta
volto mansinho a sua porta
e se quiseres, tudo eu refaço
meu pensamento, em embaraço
já sem acordes, sem rima
pois és tu a obra prima
minha inspiração, que eu entrelaço
minha inspiração eu entrelaço
te entrego minha rima, minha alma
assim, o pensamento se acalma
cada coisa no seu espaço
meu corpo nos teus braços
tudo volta a calmaria
te entrego essa poesia
pra voltar pro teu abraço.