- Vejo o vulto que em tua janela repousa!
Pelas ruas onde a luz declina,
Onde a noite se insinua e domina,
Vejo o vulto que em tua janela repousa,
Um retrato da beleza que em mim se entrosa.
Na rua onde moras, meu coração caminha,
Entre sombras e anseios, tua presença brilha.
Através do vidro, vejo-te, ó musa encantadora,
Um desejo desperta, uma chama que agora
Queima em mim, ansioso por tua voz,
Uma conversa que transforma o silêncio em algo atroz.
Teu vulto, eis bela até na penumbra,
Uma miragem que em minha alma zumbra.
E assim, a noite se tece, meu começo é envolto,
No manto do desejo, no fio mais solto.
Que nossas palavras se entrelacem, suaves e serenas,
Num diálogo que acalenta, como brisas amenas.
Pelos recantos da rua onde teu lar repousa,
Caminho, sonhando, na esperança que ousa.
E ao vislumbrar teu vulto, minha noite é serena,
Pois contigo, até no silêncio, a vida se amena.
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