EU, POETA MISERÁVEL
Como desejei que o mundo acabasse
Quando surgistes, assim, tão linda.
Cerraria meus olhos com a última visão,
Visão única de minh’alma enlevada,
Zelosa renitente em mirar-te encantada.
Pedi fervorosamente que o mundo acabasse
Enquanto exibias teus cabelos presos,
(Desejo desvairado de soltá-los),
Tranças que tramam meu fim apaixonado,
Nó cego na razão que fraqueja por tocá-los.
Roguei desesperado pelo fim do mundo
Enquanto te via, assim, especialmente bela.
Teu sorriso fulgindo teus dentes alvos,
Emoldurado por teus lábios que os meus aspiram,
Meus beijos guardados em fidelidade aos teus.
Exigi imperiosamente que o mundo acabasse
Para guardar-te derradeiramente assim, airosa.
Teus olhos profundos como o amor que tenho,
Teu olhar fatal como a paixão que me faz querer.
Olhos meus apaixonados pelo fatal olhar do amor.
Encarecidamente clamei pelo fim do mundo
Por vê-la tão formosa, impossível e próxima.
O pano que cobria teu corpo de curvas perfeitas,
Não escondendo a beleza transbordante egéria,
Aquarelando o universo que, humilde, coadjuvava.
Como desejei que o mundo acabasse
Para circundá-la enquanto tudo desmoronasse.
Congestionaria minha mente com tua imagem tridimensional,
Numa singular exposição de tua beleza multiplicada,
Triunfando sob o arcanjo, resgatando o paraíso perdido.
Como desejei que o mundo acabasse,
Mas foste embora e o mundo não acabou.
O que poderei ver depois de ver-te assim tão linda?
Ah! Se pelo menos esse mundo miserável tivesse acabado!
Ah! Se pelo menos eu miserável tivesse morrido...