Sonho e fogo
O mais recôndito segredo,
Tu me escapas em teu olhar,
Eu posso traduzir sem medo
Sem algum risco de tropeçar.
O teu silêncio omite,
Uma volúpia reprimida,
Que vejo na mensagem triste.
Deste teu olhar, oh querida!
II
Quando me deito em vil ardor,
Sofro sob tormentos infernais.
Lembro do beijo e do sabor
Assim, queimando-me mais e mais…
Pobre de mim, este pecador,
Na fogueira inquisitória
Pago por traduzir teu amor…
Contradizendo a história
III
Então, como doce serpente,
Retorcendo-se em meu tronco
Visita meus sonhos de repente.
Louca – incendeia meu corpo
E com teu desejo ardente,
Alimenta-me a vaidade…
Consuma este ser demente.
Carboniza sem piedade!
IV
E neste desejo estranho
Ergo-me do pó, cama fria,
Donde contigo inda sonho
Sussurros, prazer e agonia.
A aurora traz o conforto,
Sobrevivi a esta noite.
Nessa treva estava morto,
Pois vontade era açoite.
V
Mas agora que te enxergo,
Deitada neste altar pagão,
Amor, aliança não nego.
E pra selar em teu coração,
Um pacto de amor eterno.
Como o adorno em tua mão
A vida contigo encerro
Sem medo, em chamas, em paixão.