O QUE MEU CORPO NÃO TE NEGA
Poderias retribuir a mim,
Num instante em que me ofereço?
Quando de pronto entreguei-me por verbetes,
Dos quais eu me fiz inteiramente a ti?
E cada vez mais, quero aproximar-me,
Doar-me sem rupturas em delírios!
Como a manifestação de tudo o que é poético,
Sentindo aqui dentro, a súbita vontade inexplicável,
De enxugar teu lacrimejar com os meus beijos,
E enrolar-te toda em meus contentos.
Se regressares com uma resposta,
Serão como promessas não vãs!
E posso-me perpetuar, talvez, na sua história,
Rasgando a veste invisível que me cobre.
Sois a inspiração primária,
Vindo de um jeito todo inesperado.
Uma tempestade que nunca se calma,
Fazendo-me querer ser quem está do seu lado.
A vida é um certo deserto,
Onde recuso-me andar.
Isso, pelo fato de ser desconexo,
O modo de sentir o céu a te tocar.
É improvável, minhas concepções,
De que virás como venho a sonhar e,
Nisso, só vislumbro tua ternura existente,
Da alma que não queres vir a me dar.
Tens que vir e tomar conta de mim,
Quando ninguém pode mais ver-me!
Pois, pouco a pouco vou desaparecendo,
E na areia, somente pegadas serão deixadas.
Parece que viciei-me em conhecer-te,
Da maneira que um poeta chega e aprende!
Dorme em meus braços infinitamente,
Onde o meu silêncio é ter-te para sempre,
Apoderando de tua boca a estar semicerrada,
Para descobrir o que nela de substância se esconde,
Na intencionalidade de despertar, o que meu corpo não te nega.
Poema n.3.053/ n.234 de 2024.