Ela escreveu
Ela escreveu:
Eu quero curar com as palavras
Fazer sonhar com as minhas mãos
Eu quero ser melodia no vazio
Luz, na escuridão
Eu quero morrer em meio a tinta
E ser sepultada em outra dimensão
Então,
Renascer na arte e ser parte de tudo que eu amo
E com um acorde, um punhado de massa e um pincel
Fazer pulsar de novo o meu coração
Órgão calejado, de tanto sentir em vão
Me faz mais forte quando é noite
Fecho meus olhos e estou em casa
Ela escreveu:
Que não se encaixava em nada
Mas na poesia se consolava
Ela escreveu:
Que um dia,
Toda a dor teria um propósito
Mas pensou, que nada nunca envelheceria
E de fato, nada que criou envelheceu
Mas, agora ela tem traços marcados
Esboçando quase tudo que viveu
Cabelos brancos e dentes fracos
Como eu
Mas ainda é dança e cantoria
Ainda pinta e inventa estórias
Ainda cria com a solidão
E mesmo fraco o teu pobre e sensível coração
Ainda bate de alegria
Quando ouve, inesperado
O rouxinol da inspiração