Domingo

Deixa-me repousar por um instante

Sobre o livre bater do teu peito

Para beber teus sorrisos lentamente

Como um vinho provido de uvas raras

Dançar à luz da manhã

A música viva que sobe do teu corpo

Transcende os segredos da tua pele

E se espalha nas veredas infinitas do ar

Deixa-me repousar

Entre os barcos, gaivotas e verões

Como um velho viajante peregrino

Abarcar na imensidão imaculada e azul

De um céu inebriante de um domingo

Deixa-me repousar, meu amor

No silêncio cúmplice do teu desejo

Que habita as linhas puras dos teus lábios

E desprende-se de forma livre e suave

Dando-me um poema inteiro a decifrar

E ainda assim

Deixa-me repousar em ti

Na sinuosa graciosidade de tuas curvas

No teu abraço cálido e lenitivo

Para transcorrer meus dedos em tuas ondas

Como quem ver o mar pela primeira vez