Meu Grito

Escrevia sobre sonâncias interiores

Que lutam contra as vertigens cinzentas

De um dia ruim.

Sem abrigo, sem proteção,

Sem render-me nunca à prova de um lugar

Quase sempre oposto aos horizontes

Que vislumbrei do perímetro daquela janela para o infinito.

Escrevia e amava na dominação de um pensamento que não me abandonava.

Era minha voz crescendo, gritando...

Procurando no passado a chave para fugir.

Escrevia para aquele momento certo,

O único pelo qual valia a pena viver,

Enquanto andava à noite procurando olhos capazes de me entender.

E então, enquanto a estrada cruza as diversidades de mãos

Que já não sabem orar, eu chegava àquela encruzilhada.

Um cruzamento, uma passagem, uma fenda...

Um rasgo para transformar a vida,

Num bater do coração.

Juciane Afonso
Enviado por Juciane Afonso em 07/03/2024
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