Favos de mel
Sigo angustiado tua sombra
Sobre texturas de felpudos sonhos.
Sinto meu coração oscilar no vácuo
No teu passo apressado que não alcanço.
Minhas fantasias em teus lábios se agasalham
Em razão de um frio zen
Que protege e insulta o meu medo.
Fico atento à saudade amiga que me espreita
E as pontes de neve que se desmancham.
O temor de te esquecer me cega
E faz-me te seguir sem tua imagem.
A razão de te amar me dá coragem
E imagino o capricho do teu calor.
Num impulso – a expectativa!
Depois – uma lágrima e um vazio.
E a esperança que se estima – extravia-se.
Esvaem-se os limites das miragens. . .
E “só” agora sinto que na estrada já estou “só.”
Pago o preço em tropeço no escuro
Do céu ao mar – um arco-íris camuflado.
Um buraco no mundo – que vou ao fundo!
E uma aflição ardente de te perder. . .
Sem dizer: – Te amo!
Tua voz volta a pulsar em minhas veias
Mas no horizonte só vejo o teu reflexo!
Mesmo assim sigo na corda bamba
E ao perigo do embalo – abraço-me ao visgo.
A vida mesmo em espasmos insiste
E eu agradeço-a por obstinar a história.
A primavera por fim – flores enfim. . .
É o que há de ser na aspiração de glória.
O mistério se revela genuíno
E a magia se desperta com primor!
É o destino cristalino
Que num anseio se manifesta em festa. . .
Ao rebento do segredo!
– Favos de mel do amor!
(Livro: Vermelho Navalha/2023 - ISBN – 978-65-00-88845-4)