O POEMA QUE EU NUNCA ESCREVI

Ele sempre ficava de lado, preterido,

Dando a vez para aqueles que tinham vez,

Dando a vez para meus poemas preferidos.

Escrever o poema eu até “tentei”,

O poema que nunca escrevi,

O poema que eu nunca escutei

Não foram poucas as vezes

Que ele tentou expressar o primeiro verso;

Mas acabava ficando de lado, preterido.

Dando a vez para aqueles que tinham vez,

E, certamente, numa tristeza imerso.

Certa vez, eu até ouvi seu gritos,

Mas, eu estava muito ocupado,

Escutando com atenção outros poemas

Que acabei compondo.

E, ele acabou ficando de lado, preterido,

Dando a vez para aqueles a quem escutei.

Assim seguia o poema que eu nunca escrevi,

Assim seguia um irmão que eu até ouvi,

Mas, que, verdadeiramente, eu nunca escutei.

Escrevi tantos poemas que "me deram nome",

Que me deram aplausos e troféus.

Mas, aqui dentro uma dor me consome,

Onde estará o poema que eu nunca escrevi?

Onde estará? Não sei, sequer, o seu nome.

Poema cujos gritos eu até ouvi,

Mas, cuja voz eu nunca escutei.

E, aqui dentro, seguem os gritos interrogatórios

De perguntas que não querem calar;

O que aquele irmão queria dizer?

O que aquele poema queria falar?

Amarildo José de Porangaba
Enviado por Amarildo José de Porangaba em 05/03/2024
Código do texto: T8013472
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