O POEMA QUE EU NUNCA ESCREVI
Ele sempre ficava de lado, preterido,
Dando a vez para aqueles que tinham vez,
Dando a vez para meus poemas preferidos.
Escrever o poema eu até “tentei”,
O poema que nunca escrevi,
O poema que eu nunca escutei
Não foram poucas as vezes
Que ele tentou expressar o primeiro verso;
Mas acabava ficando de lado, preterido.
Dando a vez para aqueles que tinham vez,
E, certamente, numa tristeza imerso.
Certa vez, eu até ouvi seu gritos,
Mas, eu estava muito ocupado,
Escutando com atenção outros poemas
Que acabei compondo.
E, ele acabou ficando de lado, preterido,
Dando a vez para aqueles a quem escutei.
Assim seguia o poema que eu nunca escrevi,
Assim seguia um irmão que eu até ouvi,
Mas, que, verdadeiramente, eu nunca escutei.
Escrevi tantos poemas que "me deram nome",
Que me deram aplausos e troféus.
Mas, aqui dentro uma dor me consome,
Onde estará o poema que eu nunca escrevi?
Onde estará? Não sei, sequer, o seu nome.
Poema cujos gritos eu até ouvi,
Mas, cuja voz eu nunca escutei.
E, aqui dentro, seguem os gritos interrogatórios
De perguntas que não querem calar;
O que aquele irmão queria dizer?
O que aquele poema queria falar?