Amor de marceneiro
Eu sempre tive pouco dinheiro
Mas não me lamento
Sempre tive meu amor
E meu talento...
Para louvar teu rosto
Meu alento!
Quis dar-te um presente:
Faria, de minha melhor maneira,
A mais bonita penteadeira...
Desci ao Inferno da Construção
Juntei madeira de demolição
Como alquimista,
Transformei chumbo em ouro.
Fiz sutilezas
Altos e baixos relevos
Que tanto lembravam os nossos enlevos...
Espelho de cristal
O detalhe que faltava
Junto de um variado estojo de maquiagens
Parcelei em tantos meses, que nem sei...
Nem sei por que, agora,
Sentada no seu canto
Você se deixou seduzir por sua imagem...
Eu?
Esquecido,
Virei um reflexo pálido
Que se esvai na paisagem.