UM MUNDO SEM POEMAS

Seria triste demais um mundo sem poemas.

Num mundo sem poemas, não haveriam letras,

Possivelmente, não existiria a música,

Haveriam dias que dos instrumentos

Não sairiam sons. E sabe, por que?

Aliás, a resposta numa pergunta:

Os Instrumentos sem as letras, sem os poemas,

Seriam instrumentos de quê?

Seria triste demais um mundo sem poemas,

Seria um mundo sem paixão, sem cor…

Ouso dizer que seria um mundo sem o amor.

Seria triste demais um mundo sem poemas.

Não existiriam os poemas de nossas avós,

No doce som do tostar da cebola,

Misturada com alho e pimenta.

Não ouviríamos o repique da espumadeira,

Compondo poemas nas beiradas das panelas.

E não existiriam recortes de poemas

Nos maravilhosos livros de Estela,

E de tantos outros, escritores e escritoras.

Não existiriam os poemas das telas,

Como as lindas telas de Martins de Porangaba.

Ah! Seria um contemplar tão mísero.

O que seriam das imagens, lindas imagens,

feitas pelas lentes, sem o poético olhar de Cícero?

Seria triste demais um mundo sem poemas.

Lá na praia, as ondas morrendo n’areia,

O mundo sem poemas seria o silêncio do amor;

Outras ondas batendo nas pedras,

Num silêncio ensurdecedor.

O sol tendo imagem distorcida

Nas ondas sem som, nas águas sem vida.

Seria triste demais um mundo sem poemas.

As palavras ficariam isoladas, não fariam rimas.

Os livros com páginas e páginas em branco,

Sem musicalidade, sem som, sem vida.

As palavras, que deveriam estar nos livros,

Seriam tristes demais, seriam depressivas,

Sem os poemas para passear,

Estariam enclausuradas nas mentes criadoras.

Seria triste demais o mundo sem poemas.

Já pensou? Um mundo sem poemas!?

Ele, o amor, teria existido apenas por um dia,

Porque, num mundo sem poemas,

Nem o amor suportaria tão estranho existir;

Afinal, num mundo sem poemas,

Quem o cantaria, e quem o colocaria,

Entre poéticos sonhos, pra dormir?