Aos domingos sou poeta
No amontoado do sentir, atiro-me na expansão contínua do desejo quase canibal de me pertencer ao corpo do outro. Sou refém do toque daquele que me faz saudosista por inteira.
Acho puro quando o amor passa pela porta e decora tudo do seu próprio jeito, mudando o mundo todo, sem mudar espaço algum.
As ruas, antes esquecidas por décadas, tornam-se agora cenários das lembranças de quem amou.
Os abraços, as canções, os almoços de domingo, aos poucos viram refém do afeto tão conhecido.
Com a arte aflorada, dedico cada uma de minhas palavras para uma silhueta que eu encontro a cada esquina, mas que somente uma, me faz ser quem eu sou.
De abraço em abraço, de repente me pego clamando por eternidade, de pele e espírito, daquele que faz de mim poeta, não somente aos domingos.