Palavras, descarte, intolerância...

As mãos que se maltratam e não te tocam

Os braços que se enlaçam e não te abraçam

A boca que se cerra e não te beija

Escárnio

Maldizer

Intolerância e desprezo...

O peito que um dia te acolheu e te deu mel

O ombro que um dia te acalentou e te deu sombra

O corpo que um dia foi seu e você não se deu conta

Desprezo

intolerância

maldizer e escárneo

porque cospes injúrias feito lâminas

porque cortas as carnes em vergonhas

porque escarras verdades maldosas

e feito bicho

e feito fera

e sem conduta

velas essa querência insossa

vagueias pela via da insônia

vagabundeando estranhas indecências

e o coração dilacerado sangra

o erro do amor envaidecido

a visão do sonho esquecido

a estação do desejo privatizado

escravos um do outro alforriados

pela última gota de sangue pulsante

eu vos declaro fora do círculo fechado

expulso do meu convívio sagrado

raça impune, desprezível

de um dia poder por você ter tido

amor de verdade sentido.