Espaço em branco
A gaveta que era sua
Agora está cheia de outras coisas
Ainda guardo uma bermuda
Meio cinza, meio tosca
A foto que estava presa na geladeira
Agora no fundo da lixeira
Junto com a fatia de bolo
E o pote de manteiga
E a minha galeria
Agora está tão vazia
Queria também esvaziar minha cabeça
Das memórias e dos dias
Não escuto mais sua playlist
Nem tão pouco sua voz
Soube que ligou esses dias
Pra poder falar de nós
Se recusas a ir embora
Então farei o favor em partir
Pode me chamar de louca
Se perguntarem por mim
Na sacada da varanda
Guardo as flores que me deu
No bilhete escondido
Um fragmento todo seu
E os ciclo encerrados
Jamais devem ser reabertos
Naquele beijo roubado
Ficou o resto do afeto
Já não falo de você
Nem mais me lembro do que era
Faço votos que encontre
O amor na sua métrica
Se amanhã ou depois
Viermos a nos esbarrar
Acho que o melhor seria
Trocar logo de calçada
Eu tô me reconstruindo
Pouco a pouco, dia a dia
Até que a lembrança da sua estadia
Seja só o espaço em branco
Na geladeira da cozinha