Espaço em branco

A gaveta que era sua

Agora está cheia de outras coisas

Ainda guardo uma bermuda

Meio cinza, meio tosca

A foto que estava presa na geladeira

Agora no fundo da lixeira

Junto com a fatia de bolo

E o pote de manteiga

E a minha galeria

Agora está tão vazia

Queria também esvaziar minha cabeça

Das memórias e dos dias

Não escuto mais sua playlist

Nem tão pouco sua voz

Soube que ligou esses dias

Pra poder falar de nós

Se recusas a ir embora

Então farei o favor em partir

Pode me chamar de louca

Se perguntarem por mim

Na sacada da varanda

Guardo as flores que me deu

No bilhete escondido

Um fragmento todo seu

E os ciclo encerrados

Jamais devem ser reabertos

Naquele beijo roubado

Ficou o resto do afeto

Já não falo de você

Nem mais me lembro do que era

Faço votos que encontre

O amor na sua métrica

Se amanhã ou depois

Viermos a nos esbarrar

Acho que o melhor seria

Trocar logo de calçada

Eu tô me reconstruindo

Pouco a pouco, dia a dia

Até que a lembrança da sua estadia

Seja só o espaço em branco

Na geladeira da cozinha

Juliana Bruns
Enviado por Juliana Bruns em 22/02/2024
Reeditado em 27/02/2024
Código do texto: T8004226
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