Viventes
Estamos aqui
E só Deus saberia o lema
Teria a chave de nossos passados perfeitos
Sei que pisamos nessa terra
Com a mesma bagagem
E com a memória secreta
Vindas de outras jornadas, acrescidas de questões
Trocamos votos eternos, novamente
Para então cairmos e nos perdermos
Uma encarnação após outra
Entre lutas e pensamentos
Onde tudo parece recente
Mas talvez esse seja o desfecho
No silêncio ideal do nosso amplexo
A trajetória das esperanças contidas em nós
Nossos antepassados aguardam a redenção
Somos assim
Corpos que um dia irão parar
Almas que todavia irão esperar
Até que haja a pergunta
E o consentimento final
E as chamas, gêmeas, poderão voltar para casa
E ficar unidas, em verdadeira paz
Com o sexto sentido e mais
Mas por enquanto e porém
Somos esses guiados por palavras
Pois de todas as defesas disponíveis
Em todo o universo
Só nos restaram elas
Escolhidas por nós
Para desequilibrar os muros e distâncias
Você, desejo meu, tem a plenitude
A grafia que emana galáxias
Perceba...
Não sou boa em desafios
Eles já me condenaram
Por minhas máximas infantis
Por minhas imprudências e teimosias
Fui à torre, à espada, à guilhotina
Nossos embates são sempre apoteóticos
Mas não nascemos para a disputa
Só crescemos no amor
Esse sentimento sublime
Que foge dos despotismos
Mudamos de faces tantas vezes
E em todas as vezes nós, lagartas, sofremos e cantamos
Por destruir o casulo, por recomeçar mais uma vez
Abrindo mão de tudo que nos separa
A vida pode ser simples...
Não duvide
Sei quem é minha metade sagrada
É você, que ainda me investiga
Ah, não... Eu também não aprecio esses combates...
Mas sou obrigada a aceitar
Me admoeste então
Com a justiça de uma pluma angelical
Sinto o peso dos dias infinitos
Até que o momento chegue
Aquele em que se convença de minha clareza
Abortar nossa missão seria um desafio ao destino
Não posso fingir não saber
Nem posso transgredir outra vez
Vou sorrir, chorar e ficar
Quero escapar do sonho solitário
Anseio virar realidade
Ter nas minhas mãos o poder
Para desfazer os empecilhos
Pois dos desatinos que nos afastam sou eu o pior
Eis a conclusão!
Mas pergunto se você ainda virá comigo
Me completando e absolvendo
Para onde...
Dos verbos da vida colheremos florais
Belos poemas e previsões
Traga suas lentes, decifre-me, totalmente
Você, general dos novos tempos
Guerreiro erudito pelo qual me fascinei
Porque te sinto além das cortinas
E já não sou fraca
E não quero deixar pra depois
Quero dar céu às nossas páginas
Reconheço meu senhor de mil bibliotecas
Vejo as praias, montanhas e unicórnios
Oriundos de seu coração
Enfim minhas flechas estão quebradas
Só consigo viver
Um passo após outro
Nada mais quero atacar
E das maravilhas que já alcancei
Sua presença é a melhor...
Me ensine a brilhar