TER AMADO

Ter amado

Foi assim salvar um pouco a boca

O lábio, o olhar e o íntimo

Da inércia de nunca ter sentido diversas mortes dentro de uma só vida

Não pela mesma via

Gritar e calar o ardes dos dentes no gozo e no choro de findar

Ter amado

Foi como criar uma sinfonia tão bela e catastrófica

Ter entrado para a história

Ter humanizado o verbo e a carne

Concretizado o sonho mais impossível

Ter amado

Foi sair de si e aflorar no outro o que por vezes não se colhe

E assim, ter amado

Foi um pouco de sorte, um tanto de azar

Sobretudo, ter amado

Fez alucinar e quem sobrevive com sobredose de razão?

Quem não quis amanhecer sem saber de nada tão certo de ter encontrado a calma

Ter amado

Fez caducar e quem não desejou voar tendo os pés no coração?

Maria Mariane
Enviado por Maria Mariane em 18/02/2024
Código do texto: T8001638
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