TER AMADO
Ter amado
Foi assim salvar um pouco a boca
O lábio, o olhar e o íntimo
Da inércia de nunca ter sentido diversas mortes dentro de uma só vida
Não pela mesma via
Gritar e calar o ardes dos dentes no gozo e no choro de findar
Ter amado
Foi como criar uma sinfonia tão bela e catastrófica
Ter entrado para a história
Ter humanizado o verbo e a carne
Concretizado o sonho mais impossível
Ter amado
Foi sair de si e aflorar no outro o que por vezes não se colhe
E assim, ter amado
Foi um pouco de sorte, um tanto de azar
Sobretudo, ter amado
Fez alucinar e quem sobrevive com sobredose de razão?
Quem não quis amanhecer sem saber de nada tão certo de ter encontrado a calma
Ter amado
Fez caducar e quem não desejou voar tendo os pés no coração?