Cidade Estrelada

Sinto que, silenciosamente, tenho te ferido.

Tudo bem, você tem feito o mesmo comigo.

Mesmo assim, obrigado por ficar.

Vê, eu não acho que te amo mais

Mas tua existência ainda mobiliza algo em mim

Que me faz escrever poesia

(Afinal, o que é isso que você está lendo?)

Eu nunca soube lidar muito bem contigo

Não sei lidar com as tuas ausências

Não sei lidar com a tua presença

Mas, no geral, você sempre soube lidar muito bem comigo.

Obrigado por ter acenado para mim hoje,

E pelas palavras doces que não sabe que fala,

Obrigado por me ajudar a escrever,

Sem nunca ter me dado uma ideia.

Você continua por aí, e eu aqui

Sempre foi assim.

Não importa o quanto eu censure teu nome

Ou te evite

Você incontornável.

Ainda não inventaram um nome adequado

Para descrever

O que esse poema descreve.

Tudo o que eu sei é que, depois de você, não há retorno.