FOME DE PAIXÃO
Das múltiplas serras incrustadas no abismo, Ela desceu, rabiscando
rios e vales onde antes só havia rumores e sussurrros.
Dos seios
retirou rosas, atiradas sem dó para saciar a fome de paixão
dos anjos.
Do ventre, moldou a esperança, armada
sobre as areias sibilantes dos desertos
que sôfregos chamavam a lua para ensandecidas noites de amor,
a esperança servia de ponto de encontro para o homem e a sombra,
ambos, em segredo, buscavam a mulher como se fossem mitos
despindo armaduras para que as noites de amor revelassem
a humanidade.
Dos sonhos, Ela retirou as águas repletas
de bandeiras e cavalos que seguindo na direção do sol
suam rasgando o solo, para que das entranhas do planeta
surja a motocicleta de fogo do apocalipse, domada pela mulher, como se o amor
calasse a selvageria.
Mas Ela, a mulher, retira dos lábios
a suculência dos desejos, que levantando os sexos dos guerreiros
ensolarados, crava no colo a brasa de um carência
que subindo do homem deita na lembrança de tê-La nos braços
como uma flor trocada por hidrogênios selvagens