Queimar, amar
Amar nunca foi o tempo e o todo
Foi e é deixar arder o fogo
Que mesmo distante, semoto,
Continua, sempre, queimar
Amar é nunca ter certeza
É não pertencer a realeza
É nunca querer estar certo
E só deixar o outro reinar
Amar é deixar livre
É ter doçura e leveza
É ser brasa solitária ardente
Que teima e queima perene
Atravessando o vento solene
Que traz no olhar, a cirene,
Que é fagulha e querosene.
Do tesão, da ardência, ao risco,
Tal qual lua, em brasa ardente,
Que fez de um homem eloquente,
Um fiel e leal delinquente
Um peralta que só pensa em amar.