DIVAGAÇÕES DE UM NARCISO ATEU

Você não quis esperar um pouco mais,

Não quis sofrer mais uma vez,

Não quis se por no meu lugar para se ter...

Você não quis me olhar nos olhos

E se ver espelhado neles,

De alma desnuda.

Em si, em mim, nós, você não creu...

E duvidou desse amor que é todo seu.

Talvez você não soubesse

Que a espera era distopia,

Que não haveria dor nesse encontro

Que seu lugar era em mim e em sintonia

Nas dilatações dessas retinas pulsando o luar

No fundo desse submerso lago

No espaço reticente do olhar...

Sua alma teimosa reluta,

Sua vontade incrédula não se rende

A essa adoração ao Eros que há em si,

Enquanto me deseja no espelho d'água.

Conselho que lhe dou, enquanto sua:

Possua-me em pele e a alma nua

Mergulha nesse leito desse inter-lago

E abrace-se em meu próprio afago,

Cultue esse autoamor que lhe inflama

E creia nesse amor com que me ama...

By Nina Costa, in 06/02/2024.

Mimoso do Sul, Espírito Santo, Brasil.

Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 06/02/2024
Reeditado em 06/02/2024
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