O boi Maru
Beba água, Maru!
Berre, Maru!
Faça carinho
Batendo as patas
No chão!
Maru não era
Só um boi
Era quase gente
De tão carinhoso
Ia para o canto
Da cerca só
Para receber
Carinho na cara
E no cupim
E batia as patas
No chão
Punha a cara
Para cima
E berrava com
Doçura
Quando alguém
O alisava
Esse boi já era
Da família
Quando seu dono
Apontava na estrada
Ao ouvir o barulho do
Carro lá estava
Maru do lado da
Cerca batendo
As patas no chão
Fazendo carinho
Pondo a cara para cima
Berrando e chorando
Seu dono parava o carro
Fazia carinho na sua cabeça
No seu dorso e no seu cupim
O boi se arrepiava
Chorava e seu dono
Prosseguia até a sede da
Fazenda e Maru continuava
Na cerca berrando e chorando.
Pois quando Maru envelheceu
E não pôde mais reproduzir
O fazendeiro o vendeu para
O matadouro
E não adiantou Maru
Berrar, chorar e
Implorar de tristeza
Para não ser imolado
Maru morreu como
Todos os outros gados
Mesmo continuando
Na memória de toda
Família
Para os filhos
O boi deveria
Morrer de velho.
Rodison Roberto Santos
São Paulo, 05 de fevereiro de 2024.