CAÇA PREDATÓRIA

Amor contratual não é amor

não se ama por selos ou carimbos convenientes

Ama-se o imponderável e o mistério, o desejo exige rompimento com a normalidade

Abolidos os pretéritos e os futuros, a elasticidade do presente enterrada

Ficou a urgência do agora, imediatamente imperante nas vantagens dos acordos secretos das promessas de sexo e prazer em troca de consumo e de vantagens

Amor febril, de preocupação com quem se ama só existe quando jogados nos cantos a conveniência e o faturamento

Amar apaixonadamente exige romper modelos impostos pelo mundo antigo dos cartórios

Amar até perder o fôlego é pra quem desafia sistemas e modismos, é coisa pra quem passa a noite no mato pra ver o sol nascer, é carência de quem enfrenta o mar bravio, porque perder a amada, sim, é de dar medo, que se danem, maremotos e tubarões

Urgência na alma e no coração amplia o domínio sobre a vida

Urgência exclusiva de ter e ostentar, é a rendição frente à mediocridade (não estou dizendo que é errado. Eu mesmo adoro importado, e velejar ao lado da amada)

Mas, na caça predatória do mercantilismo tecnológico, usar sentimentos para se encher de vantagens, é a conta cobrada no futuro em que apenas a solidão e o descrédito servem de referência