CÍTARAS DOURADAS
Agora que chegou a madrugada
e tomaste o lugar dos meus sonhos
Posso ouvir da noite enluarada
sons comuns dos seres enfadonhos
Emanam das pétalas das flores
Lembranças de cítaras douradas
Capítulos perdidos de amores
em tantas vidas passadas
Eras distantes, ocasos,
poemas à luz de velas
Incensos e folhas nos vasos
Arabescos nas janelas
Minha alma recorda
e sente saudade
de coisas que nem sei
se foram verdade
O ensejo de ver-te
me faz regressar
e de novo perder-te
ao acordar...
Tua ausência entristece
cada segundo de vida
E a tristeza escurece
essa história perdida
Oculta paixão
na ode e na prece
na imaginação
que se oferece
Como opção
pro espírito só
trazendo a ilusão
desatando o nó
Da angústia de ser
alma gêmea perdida
a amar e a sofrer
deste a tua partida
Solitário suspiro
Singelo pecado
Escrevi num papiro
teu nome amado
Digo às estrelas do espaço
que te espero neste lugar
pensando no teu abraço,
lembrando do teu olhar
Irmão de outras eras, de outras paisagens
Tua voz eu preciso ouvir
Olhos azuis que em outras imagens
Com tantas lágrimas, fizeram sorrir
Que a lua me dê boa sorte
que a vida te traga a mim
Ou que a liberdade da morte
ponha em minha saudade um fim...