BEIJOS

Meu amor nunca mais me beijou

e eu parei de tentar

quando ela empurrou o meu rosto.

Foi assim que perdi a senha da sua língua,

e quase esqueci que os antigos beijos saíam na cozinha,

saíam no sofá, na cama ou no terraço.

Hoje seus lábios estão fechados

e meu amor pouco explica a recusa.

Ela reclamou, no entanto,

de um mau cheiro no ar;

de beijos rudes e ásperos.

Não foi isso, pois certamente ela sabe

que nunca me devolveu a pureza

meramente pura e simples.

Mas agora parece

que o amor não sairá mais pela sua boca,

e a ausência do beijo representa um caminho sem volta

sendo triste a recusa,

sendo triste o final de tudo.

O simbolismo de um beijo é enorme

Só beijamos a quem amamos.

Meu amor me faz não tentar mais,

porque talvez ela não me ame.

O que vivemos agora então?

Estamos juntos,

estamos separados.

Eu espero um desfecho sério

e me contento com restos

Meu amor espera minha desistência enfim,

para dizer que o desperdício foi meu.

Ora, eu não desperdicei nada.

Não fui como ela

que com a sua boca produziu fumaças,

seguiu pelos trilhos do meu desejo

deixando-me na plataforma da estação

avistando cabeças doentes iguais a minha.

Lembro-me quando ela gritava o meu nome!

Ela gritava e agora é sonho,

Um grito de amor para o seu amor

e agora é sonho.

Meu amor nunca mais me beijou.

Perdi a senha da sua língua.

O mau cheiro não foi maior do que a sua culpa.

O simbolismo do beijo é para quem amamos

e agora ela não beijará a minha boca doente.

Meu amor produziu fumaças e,

nesse instante, deliro.

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 26/01/2024
Reeditado em 18/04/2024
Código do texto: T7984895
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.