Blues da despedida
Blues da despedida
Guiberto Genestra
Março/2004
Cansado do teu descaso, do teu atraso, do teu mormaço, sem teu abraço.
Á noite, naquela festa, com seu açoite, sem teu abraço.
Manha, manhã e nem me arranha, nem me assanha, sem teu abraço.
Aprendi, parti! Saí por aí, sem teu abraço.
Então relaxo, e te deixo o meu cangaço. Do nó, um laço e do teu maço só levo um cigarro.
Não liga pra esse bagaço, que nesse caso haverá um barco, com par de remos largos, sem teu abraço.
Um dia, traço uma trilha pra chegar lá longe, não sei onde, sem teu abraço.
E com esse passo, assim prometo que um dia faço.
Enquanto isso, não faça feitiço, não manga do ofício, e não se esqueça disso...
É preciso torcer para que em todo o seu amanhecer você não venha a perecer quando a noite aparecer.
Senão, teu coração vai querer comunhão, vai pedir por laços de coxas no colchão e até capaz será um dia de pedir por beijos com emoção.
E aí não vai ter pão, nem mão ou disposição.
E eu? O que faço?
Vou apenas embora e te deixo, antes que amanheça, um forte abraço.