Pecador

Iluminado por uma luz artificial

um vulto se ergue como uma assombração

situação absurda aflitiva e anormal

e eu sinto uma benévola afeição

Muitos milhões de anos se passaram nesta casa

a lua com seu olho brilhante procurava em vão o amor

fria tão fria a cada era que extravasa

alternadas em vão por eras de calor

Estou tão só e este vulto é a única companhia

tenho em mim a sua alma e de outros tantos

que me vejo ensopado pelo espanto

que nenhum outro pensamento ou vontade me valia

Sou uma alma lançada a um fosso profundo

como um verme preso à língua do satanás

corro da morte desde o inicio do mundo

e a fome de amor me transforma em um ente voraz

Enquanto espero este sentimento supremo

vivo em desespero nesta existência de horror

eu como o pó da terra e por isto eu blasfemo

e este ser saído da luz é meu eu pecador