Caminhei...
Caminhei...
Revi todos os sepulcros,
me atrevi, suspirei ligeiro,
babilônia em chamas
e motins de revoluções,
e me escondi,
e resisti,
e me deixei enredar por vozes
que em nada me serviram.
Caminhei...
Refiz os males um a um,
pecado deliberado na arrogância matinal,
sono noturno, sono de morte,
convicto de ser vivo
sem saber o que era viver,
e me envolvi,
e rejeitei,
e me encontrei em braços alheios,
e fui abraços a tantos devaneios
que me eram laços de morte.
Caminhei...
Reagi, confuso,
perdão prenunciado enquanto
me propunha ao luto,
Graça desconhecida pela desgraça que
ecoava em mim,
e duvidei,
e desconheci,
inércia extemporânea,
ante fumaça e vil metal
me vi liquefeito em taquicardia
que agonizava sob o chuveiro,
pobre, cego e nu,
clamor,
pavor,
Senhor...
Caminhei, sim, com os mesmos passos
que talvez te guiem há tanto, leitor meu,
um retrato da rotina escrava,
um acordo com o engano mais real,
ressaca do que era apenas cinzas,
diagnóstico da alma doente,
verbo emudecido pelo vício em si mesmo.
Então, Ele veio,
manso e suave,
e me tocou,
e me livrou,
e me fez entender, além de toda compreensão:
"Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida!"
(João 14:6)