Caminhei...

Caminhei...

Revi todos os sepulcros,

me atrevi, suspirei ligeiro,

babilônia em chamas

e motins de revoluções,

e me escondi,

e resisti,

e me deixei enredar por vozes

que em nada me serviram.

Caminhei...

Refiz os males um a um,

pecado deliberado na arrogância matinal,

sono noturno, sono de morte,

convicto de ser vivo

sem saber o que era viver,

e me envolvi,

e rejeitei,

e me encontrei em braços alheios,

e fui abraços a tantos devaneios

que me eram laços de morte.

Caminhei...

Reagi, confuso,

perdão prenunciado enquanto

me propunha ao luto,

Graça desconhecida pela desgraça que

ecoava em mim,

e duvidei,

e desconheci,

inércia extemporânea,

ante fumaça e vil metal

me vi liquefeito em taquicardia

que agonizava sob o chuveiro,

pobre, cego e nu,

clamor,

pavor,

Senhor...

Caminhei, sim, com os mesmos passos

que talvez te guiem há tanto, leitor meu,

um retrato da rotina escrava,

um acordo com o engano mais real,

ressaca do que era apenas cinzas,

diagnóstico da alma doente,

verbo emudecido pelo vício em si mesmo.

Então, Ele veio,

manso e suave,

e me tocou,

e me livrou,

e me fez entender, além de toda compreensão:

"Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida!"

(João 14:6)

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 09/01/2024
Código do texto: T7973015
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