Noite de amor
Eles olham-se, olhos cansados demais para questionar
Silêncio escandaloso, que grita sem gritar
Onde será que se perderam nessa escura noite sem amor?
Mãos geladas que almejam o calor do corpo alheio
Mas não pedem e, assim, controlam-se incontrolavelmente parados
Orgulhosos para admitir erros desconcertantes e fatos formulados em corações desinteressadamente estraçalhados
Levantar o rosto parece tão difícil que a claridade mal chega e vai embora
Nada é feito nessa fria noite sem amor
Mas enfim um momento repentinamente repensado em suas mentes está prestes a acontecer
Talvez por não aguentar mais esperar o que parece de fato tão inesperadamente esperado
Tomam-se conta de que o tempo está passando
Cada batida de seus corações é um momento perdido, levado de si sem questionamentos ou consentimentos
Olham-se, notam-se
As batidas passar a soar iguais
Uma força ainda tão fraca que pouco consegue impulsionar
Mas não desistem
Aos poucos estrelas vão aparecendo nessa fria noite sem amor
Batidas iguais em mundos que pareciam distanciadamente unidos
Por um elo que sem explicação nem requerimento ou condição apareceu
Devagar como os seus movimentos, o que parecia perdido toma conta do ar
Tentam gestos ensaiados, nada parece ter sido sentido antes
Como em um filme, as mãos finalmente entrelaçadas
O olhar mostra uma devolução e devoção que há tempos sumira
Entregam-se ao que por medo pouco deram
Agora são, nessa escura noite de amor
Apaixonadamente, novamente apaixonados.