o nosso canto
entre meias palavras
busco colocar pra fora
o quanto me remonto
em você
passeio por entre os temores
tremores e sabores
desse canto vívido
na beirada da janela
a ternura em gestos
grandiosos de sentimento
nega a finitude
dos detalhes
afagar teu rosto
sob a luz baixa
da tua luminária
retira minha seriedade
em mim ressoa o doce desejo
de contemplar a tua existência
que me presenteia
com tamanho verso
seu sentimento chega íntimo
aberto, solto
com ânsia e apelo
e meu ser transborda
o tempo faz pouso breve
e pra trilhar o que quase perdi
estendo uma serenidade
que só amadores podem oferecer
estive fora do lugar
e a chuva me trouxe de volta
o baiano já bem me alertava:
pensa com o coração, bichinha
e hoje o acordar tem outro gosto
cheiro toque ardor
com você pude recordar
a satisfação de ser eu
abro meus caminhos
com a fé que me guia
e levo você
às minhas frágeis orações
de canto de olho
na claridade do tempo
vejo seu ser vulnerável
e ali crio moradia
para despertar o teu senso
de apaixonante sujeito
cuja presença instiga e desperta
a mais gentil comoção
observando seus encantos
não te recrio
amar é dar-lhe coragem
de ser amado por inteiro
o ponto final não nos cabe
e numa mesa de bar
é do teu copo que bebo
é o teu gosto que eu provo