Dispa-me/Dispo-me/Despi-me - Trieto - Deth Haak/Fada das Letras/Denise Severgnini

Dispa-me...

No oitante luar primaveril

Em Vênus a reluzir

As diáfanas águas de março

A desaguar de meus rios

Dispa-me...

Da cortiça do rubro mais fino

Gondoleiro nas barcarolas

Clássicos das pianolas

Nas harpas de meus pífanos

Dispa-me...

Dos acúleos e máculas

Pragas e fungos deste jardim

Dos braços do pélago raivoso

Nas incertezas do tempo

Dispa-me...

Do vento que sopra manso

A desvendar o intento

Nos broches em diamantes

A brilhar no infinito

Dispa-me...

Das folhas secas do outono

Dos raios de sol do verão

Das fúcsias invernadas

Nos campos primaveris

Dispa-me...

Da luxuria do alfarrábio

Ansiando rimar os poemas

Das letras matizadas

Em vogais e consoantes

Impressas em meus versos.

Dispa-me....

DETH HAAK

19/11/2005

DISPO-ME

Dispo-me...

De toda a dor, todo o egoísmo...

Dispo-me...

De tudo que sou, para te seguir...

Dispo-me...

De pátria, raça, família...

Dispo-me...

De preconceitos, de valores feitos...

Dispo-me...

De amizades, outras vontades...

Dispo-me...

Do que desejo para te amar...

Dispo-me...

Do meu desejo para te servir...

Dispo-me...

Da minha alma, para vestir a tua...

Dispo-me...

Da minha carne, para cobrir teus ossos...

Dispo-me...

De minha vontade, para agradar teus desejos...

Dispo-me...

Do meu ciúme para te ofertar outro amor...

Dispo-me...

das minhas lágrimas para lavar tua alma

Dispo-me...

do meu sorriso para alegrar teus dias...

Tudo te ofereço....recebe o meu presente...

Tudo o que meu coração deseja e sente...

É fazer-te feliz, sentir-te contente....

Preencher-te de amor, não seres mais carente...

Fada das Letras

29/11/2005

DESPI-ME

Despi-me,

Das forças que sustentavam meu ser

E ofereci...

Despi-me,

Das ilusões que julgava real

E acordei...

Despi-me,

Das palavras que compunham meus versos

E não mais poetei...

Despi-me,

De todos os amores que tive

E não mais amei...

Despi-me de tudo

Deixei minha alma incolor

Meu corpo inerte

Feneci!

Luz Divina abraçou-me

De nova roupagem adornei-me

Luz suave do repouso

Restituiu-me a força

Vislumbrei o real

Poesia fez-se vida em mim

Amei com maior ímpeto

Vivenciei a Paz interior

Hoje, dispo-me apenas

De todo dissabor

Denise Severgnini

01/12/2005