Pretenso Desejo Irrealista
Se pudesse volver ao passado
ou apressar o futuro
Encontraria um lapso de coragem e tempo para
segurar firmemente nas mãos de meu amor
- que muito está à frente de mim -
Olharia em seus ternos olhos cor de âmbar
E diria, com toda a loucura das confissões
necessárias em momentos decisivos:
- Sua imagem e personalidade reside incansavelmente
em cada âmbito de minha mente utópica;
Provoca delírios, em cada pensamento
envenenado de paixão pura e carnal;
Domina o deserto povoado de eus,
na recriação infinita de possíveis cenas
onde a tensão sexual inicia o desfecho esperado;
Martiriza e reafirma, com boa dose de realidade,
meu fracasso e impossibilidade de finalmente te alcançar;
Dilacera, com seu semblante de seriedade,
A coragem de declarar meus inquietos sentimentos
intensivamente ínfimos e viscerais;
Proporciona esperança, ao relembrar seu sorriso
Sinônimo de céu estrelado, pureza de infância,
malícia sedutora e de estética romancista
Que tira ridiculamente meu fôlego;
Revitaliza a vontade de ultrapassar a barreira de
qualquer infinito, só para finalmente te encontrar
no fim de uma tarde ensolarada
Em uma rua histórica de caminhos esquecidos
ou casualmente no balanço de um dia comprido
a espera do inverno passar
E que enobrece, floreia e colore o íntimo
de minha alma melancólica e insignificante
A partir do simples exercício de rever
as passagens momentâneas tão bem compartilhadas
e especiais vivenciadas com você! -
Mas, como o dissipar das brumas da madrugada
sob o calor de uma manhã de verão,
enxergo outra vez a realidade.
A insuficiência de nunca poder
- ressalvando as viagens psíquicas –
concretamente atingir o ritmo e compasso
de sua caminhada neste segmento
contínuo e breve de vida
E como tiro de misericórdia,
reduzo esta ínfima compilação de palavras
Recheadas de vontades e desejos segregados,
a única efêmera possibilidade:
Ao desabafo silencioso das formas e símbolos prolixos.