O AFRESCO

Foi teu o sopro, a valsa triste ao flautim

Dona da entoada, quando choram os colibris...

Fosse o que fosse, ó aragens febris

O que seria do mundo se não cantasse assim?

Como criança que julga ter o mundo

Sentiu-se amada na noite sem fim...

E dançava, com seu vestido carmim

Roubando das horas cada segundo!

Invejavam-te Atenas, Afrodite e Hera

O beijo que nenhuma deusa jamais dera

O regalo primaveril da rosa prima...

E como se fosse um par, o sereno e a madrugada

Teus olhos marejados e minha dor velada

O afresco audaz que o pintor sublima!

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Observação

"prima" - No texto está no sentido de "a que foi a primeira"

André da Costa
Enviado por André da Costa em 30/12/2023
Reeditado em 30/12/2023
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