O AFRESCO
Foi teu o sopro, a valsa triste ao flautim
Dona da entoada, quando choram os colibris...
Fosse o que fosse, ó aragens febris
O que seria do mundo se não cantasse assim?
Como criança que julga ter o mundo
Sentiu-se amada na noite sem fim...
E dançava, com seu vestido carmim
Roubando das horas cada segundo!
Invejavam-te Atenas, Afrodite e Hera
O beijo que nenhuma deusa jamais dera
O regalo primaveril da rosa prima...
E como se fosse um par, o sereno e a madrugada
Teus olhos marejados e minha dor velada
O afresco audaz que o pintor sublima!
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Observação
"prima" - No texto está no sentido de "a que foi a primeira"