Voz de Lírios
Talvez seja eu que precise
me alimentar de paisagens,
de meus próprios passos,
montanha à caminho do mar...
Ser a voz de lírios
a cantar pelos vales do sol,
guerrilheira, assoviando versos
nos barrancos ou nas montanhas
ensolaradas do teu amanhecer.
Meus dedos de poema,
plantaram sementes
em tua primeira página
(azul de sentimentos).
Era meu céu, sim,
sendo tatuado em tua pele,
como um minúsculo cometa
disparando luzes por onde passou.
Deixei pegadas
em cada canteiro do jardim.
Não havia mistério
ou segredos que não desfiei,
num rosário sem fim,
a cada 9 horas do dia.
E minha voz caiu "em teu sangue"
- como disse Otero -
e misturou-se a ti, de modo
que nossa almas se juntaram
para nunca mais se separar.
Pintura: Andrei Markin (1976)