Amor a regar os velhos campos de trigo

 

E digo-te mais:

nos braços do vento úmido,

ao largo de folhas

cinzas e esvoaçantes,

no berço de outras pétalas,

secas, caídas ao chão,

está a gota de felicidade

que escorre para tuas mãos.

 

É dela que brota o orvalho

que desce pela face que contemplas,

a emoção, seja de dor,

de saudade, amor...

 

É neste lago profundo

que espias por entre os cílios

que resplande o sol

e mora a luz que arde na alma

e que todos os dias rega de amor

os velhos campos de trigo.

 

É no roçar do vento que venho dizer:

- é assim, sou o amor !

Esse, que nem o frio do branco inverno,

nem o tempo serrano apaga,

separa ou faz morrer.

 

Ouça o que te digo:

Somos folhas vivas.

E vivo é nosso espaço,

nosso território,

nossa terra, nosso trigo !

 

E, hoje, no fulgor da noite,

eu vim... eu e o meu passado -

cheguei para dizer

com todo meu sentimento:

- trago água para os trigais,

sol para, do pleno inverno, aquecer -

em todos os momentos.

 

Acalanto para o homem

de tanto amor

que mora em meu coração

- dentro - aos campos meus -.

no exílio de luz e alegria,

que faz nossas mãos se buscarem,

enquanto "fazemos nossa poesia"

e - em amor e paixão -

colo meu corpo no teu.