Vivo esse rosto

anoitecido de fome -

ânsias profundas

guardadas no coração.

 

Caminhei um passado

que não conhecia

e encantei-me

com a face

do Sol de Amor.

 

Seu olhar de sorriso

iluminou a alma

e seus raios

me tocaram

profundamente.

 

No intrincado

do tempo

busco lembranças.

 

São as memórias

do coração...

Também nublam

de lágrimas

a pele alva,

fazem rios

de palavras brotarem

dos canyons de dentro...

 

E o cristal

e a chuva que cai

segredam ao vento

o mistério

do cheiro das estações

e o sonho acalentado

que é realidade

na janela

do tempo profundo

 

e grita almejos

de esperas

dos braços feitos do Sol

e seu beijo de amor e Luz.

 

Me espera: te espero!

És meu Sol de Amor,

meu raio de Luz!

 

 

 

Belíssima, profunda e tocante a poesia (abaixo)

de Miguel Otero Silva (1908 - 1985):

 

"Eu escutava passos no barco

os pés descalços

e pressentia os rostos anoitecidos de fome

Meu coração era um pêndulo entre ela e a rua.

Eu não sei com que força me livrei de seus olhos

Libertei-me dos seus braços.

Ela ficou, nublando de lágrimas sua angústia.

Atrás da chuva e do cristal

Porém, incapaz de gritar: 'espera-me,

Eu vou contigo'".